Uma tribo sul-americana usa drones para proteger o seu território

Graças ao projeto ‘Digital Democracy’, os ‘Uapixana’ que vivem na savana Rupununi, na Guiana, aprenderam a tirar partido da tecnologia.

Ver meios tecnológicos nas mãos de comunidades indígenas é uma imagem que ainda surpreende. A “Digital Democracy” (DD), uma organização sem fins lucrativos, tem trabalhado para que fotografias como as que vemos neste artigo se tornem mais habituais.

O objetivo da DD é justamente ajudar as comunidades marginalizadas a servirem-se da tecnologia na defesa dos seus direitos. No site, a organização explica a sua crença de que “a mudança não vem da tecnologia, mas da forma como as pessoas a usam”.

Os ‘Uapixana’ conheceram a DD no final do ano passado. A tribo, com cerca de seis mil membros, vive no sul da Guiana, junto à fronteira com o Brasil (onde se encontram também, no norte). A sua sobrevivência depende, há séculos, dos recursos naturais do território que habita – uma vasta área com pântanos, pradarias, floresta tropical.

De há alguns anos para cá, o corte ilegal de árvores e a exploração mineira ameaçam os territórios da tribo, com áreas ainda primitivas. Até há pouco tempo, os ‘Uapixana’ pouco mais podiam fazer do que denunciar as ilegalidades depois de elas terem ocorrido, sem terem como se defender ou recolher provas para apontar culpados.

Com a chegada da tecnologia, as coisas começam a mudar. Desde que recebeu a visita da DD, a tribo foi já capaz de criar um mapa 3D de parte do seu território, usando um drone equipado com uma câmara ‘GoPro’ e computadores.

Gregor MacLennan, o elemento da DD que viveu com os ‘Uapixana’ em outubro passado, seguiu a filosofia da organização a que pertence. Em vez de lhes entregar os meios tecnológicos para utilizarem, levou material (fios, espuma, cola, ferramentas…) e construiu dois drones em conjunto com alguns membros da comunidade.

Desta forma, os ‘Uapixana’ adquiriram competências não só para usar as tecnologias, mas também para as repararem em caso de avaria ou acidente. MacLennan conta que ficou surpreendido com “a rapidez de aprendizagem da equipa e com a iniciativa demonstrada para problemas eletrónicos com tão poucas ferramentas ao dispor”.

Este é apenas um dos projetos levados a cabo pela ‘Digital Democracy’, que conjuga o “empoderamento” tecnológico de comunidades marginalizadas com a defesa da biodiversidade.

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