A viagem do lince-ibérico Kentaro chegou ao fim

O jovem lince nascido em 2013 foi vítima de uma das principais causas de morte da sua espécie: atropelamento.

Kentaro tinha três anos apenas. Nasceu em Silves, no Centro Nacional do Lince Ibérico, em março de 2013 e, em novembro do ano seguinte, foi libertado em Espanha, na região de ‘Castilla-la-Mancha’.

Revelou-se, desde cedo, um apaixonado pela viagem. A coleira GPS que os investigadores lhe puseram ao pescoço estava agora sem emitir sinais desde março (a última comunicação, nesse mês, mostrava que se encontrava em Ourense, na Galiza).

Antes de se perder o rasto ao animal, foi possível observar a forma intensa como Kentaro explorou o território que dá nome à espécie a que pertence: a Península Ibérica.

 

Em agosto de 2015, o felino tinha entrado em Portugal pelo norte, perto de Vimioso, depois de ter percorrido seis províncias espanholas.

Desta vez, o regresso a Portugal pelo norte não correu bem: o corpo de Kentaro foi encontrado atropelado no concelho da Maia, no passado dia 15 de outubro, informa hoje o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas em comunicado.

Já em Outubro do ano passado, outro lince-ibérico tinha morrido em Portugal vítima de atropelamento: Hongo, de quatro anos, morreu atropelado na A23, em Vila Nova da Barquinha

Eduardo Santos, coordenador do Programa Lince, da Liga para a Proteção da Natureza, nota que “o atropelamento é, já há bastantes anos em Espanha, uma das principais causas de morte de origem humana, senão mesmo a principal”.

Por telefone, recorda ao Jornalíssimo que já têm sido tomadas algumas medidas para evitar atropelamentos. Uma delas foi a colocação, na zona do Vale do Guadiana, de sinais de trânsito com o focinho do lince para alertar os condutores para a presença dos animais – iniciativa conjunta do ICNF e das Estradas de Portugal.

Nas zonas em que estes linces foram atropelados, essas placas não existiam. Eduardo Santos aproveita para recordar a importância de assegurar “pontos de passagem para a fauna” e de haver “barreiras que impeçam os animais de aceder às faixas de rodagem”.

O biólogo estima que existam atualmente em Portugal 16 linces-ibéricos

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