Os tubarões são máquinas assassinas?
Apesar das notícias de surfistas atacados por tubarões, a carne humana não integra a dieta destes animais.
As imagens de Mick Fanning a tentar escapar a um tubarão-branco na final do campeonato de surf J-Bay Open, na África do Sul, domingo passado, deixaram meio mundo arrepiado – podes vê-las ou revê-las no final deste artigo.
O surfista saiu da água ileso, mas muitos ataques de tubarão deixam marcas nas vítimas e, por vezes, são mesmo fatais.
Ao contrário do que se possa pensar, porém, o homem não é uma iguaria para um tubarão. Apesar de serem carnívoros, os tubarões não são apreciadores de carne humana: temos pouca gordura para o seu gosto. O apetite destes gigantes dos mares inclina-se mais para peixes, crustáceos, aves, tartarugas marinhas, plâncton. E mamíferos, como as focas ou os leões marinhos.
O gosto dos tubarões por focas, leões e tartarugas marinhas faz com que os surfistas corram sérios riscos quando praticam a modalidade em locais que coincidem com rotas migratórias dos tubarões.
É que, visto de baixo, um surfista deitado na sua prancha assemelha-se à forma de uma foca ou de uma tartaruga marinha. Quando um tubarão ataca um surfista é porque o confunde com uma presa. Por essa razão, geralmente, os tubarões mordem a vítima, mas soltam-na logo em seguida, quando se apercebem que o “prato” não era o que esperavam.
O facto de haver muitos mais surfistas do que no passado faz com que os ataques de tubarões a humanos tenham aumentado.
O contrário, porém, também se verifica: os humanos “atacam” frequentemente os tubarões, o que tem feito com que o seu número tenha vindo a diminuir (e, para tornar o cenário mais preocupante, os tubarões não são animais que se reproduzam rapidamente).
Pensa-se que, por ano, 100 milhões de tubarões são mortos por humanos com o fim de produzir medicamentos, enfeites e fazer sopa.
No site “Shark Attack Data” são registados os ataques de tubarões que acontecem em todas as partes do mundo. O que envolveu o surfista Mick Fanning ainda não consta na base de dados. Na página, é possível ver os ataques ocorridos por país e um ranking dos locais onde há mais incidentes. Os Estados Unidos da América ocupam o primeiro lugar, seguidos da Austrália e da África do Sul (o mapa abaixo foi retirado deste site).
Na Austrália Ocidental, em 2014, as autoridades levaram a cabo uma ação de captura e abate de tubarões na proximidade das praias daquele estado, a ‘Western Australian Shark Cull”. A medida foi implementada na sequência de seis ataques de tubarões a humanos (cinco fatais) no país. A medida foi alvo de muita contestação, inclusivamente por parte de surfistas, como Kelly Slater, e acabou por ser revogada. Hoje, os tubarões só podem ser abatidos se representarem perigo iminente.