Vespa asiática: há razões para alarme?

Portugal registou ontem a primeira morte por picada deste inseto. Dizemos-te o que o distingue, quais os perigos e como te podes proteger.

A vespa asiática também é conhecida como “vespa assassina”. Em Portugal, onde chegou há cerca de quatro anos, ainda não tinha feito nenhuma vítima mortal (ao contrário do que já aconteceu em França, por exemplo). Até ontem. Um homem de 63 anos, residente em Cervães (Vila Verde), terá tido um choque anafilático (uma reação alérgica grave) depois de ter sido picado por um destes insetos quando estava a cortar erva.

Apesar do sucedido, João Valente, presidente da Associação dos Apicultores do Norte de Portugal, acha que é um exagero chamar-lhe “assassina”: “Não é preciso correr a sete pés dela. Há razões para as pessoas estarem sensibilizadas, mas não alarmadas”, disse ao JORNALÍSSIMO por telefone.

QUE ASPETO TEM?  

Enquanto uma vespa comum tem geralmente dois centímetros de comprimento, a vespa asiática tem cerca de 2,5 centímetros e as rainhas atingem mesmo os 3,5 centímetros. Em movimento, parecem escuras, por terem uma faixa castanha, mas têm também uma tonalidade amarelada. É muito difícil distingui-las da vespa europeia (ou vespa crabro, que não oferece qualquer perigo, pelo contrário, faz falta ao ecossistema). Para saberes se é asiática, o melhor é fixares o olhar nas patas: se forem amarelas é uma vespa da Ásia Oriental.

DA ÁSIA ORIENTAL? COMO CHEGARAM CÁ?

Pensa-se que a vespa asiática chegou à Europa em 2005, num navio que transportava madeira da Ásia e atracou no porto francês de Marselha. Desde então, foi-se espalhando pelo território, estando hoje presente, sobretudo, nos países do sul da Europa.

EM PORTUGAL ONDE ESTÃO?

Segundo a Quercus, começaram por chegar a Viana do Castelo, em 2011, mas rapidamente se espalharam por todo o Minho e pelo Douro Litoral, onde hoje circulam, continuando a voar para sul e este.

SE VIR UMA, O QUE DEVO FAZER?

O conselho que João Valente dá é o mesmo que se dá para as abelhas: “Ficar quieto”. As vespas estão na sua vida e se não te fizeres notar muito, o mais provável é que te deixem em paz.

E SE FOR PICADO?

Bom, a picada de uma vespa asiática não difere muito da de uma vespa normal. Só te deves preocupar e ir o mais rapidamente possível ao hospital, ou chamar logo uma ambulância, se registares algum sintoma alérgico, como dificuldade em respirar (as mortes por picada de vespas são normalmente por asfixia), calor no corpo, febre. Se estiveres com alguém que tenha um choque anafilático chama tu o 112, tenta manter a calma e, se a vítima desmaiar, deita-a de lado enquanto esperas pelos primeiros socorros.

PERIGO? “PARA O AMBIENTE, ACIMA DE TUDO”

João Garcia explica que, mais do que constituir um perigo para os humanos, a vespa asiática ou vespa velutina representa uma enorme ameaça para o ambiente e para a biodiversidade: “É uma vespa invasora e a sua chegada está a provocar alterações na biodiversidade. Por ser carnívora, esta vespa come as abelhas, mas também todos os outros insectos polinizadores, provocando um desequilibro no ecossistema que só será visível daqui por uns anos”.

É POSSÍVEL COMBATÊ-LAS?

O presidente da Associação dos Apicultores do Norte de Portugal acha que sim, mas “o seu combate é muito complexo”. Segundo João Garcia, as entidades oficiais já “estão a dar alguns passos, mas demora tempo”. Entretanto, a AANP encontrou uma forma de combater estas vespas. Trata-se de um engenho feito à mão com garrafões de água que, ao contrário de outras armadilhas usadas até agora pelos apicultores portugueses, matam só as vespas asiáticas e não todos os outros polinizadores que fazem faltam ao funcionamento do ecossistema.

POSSO AJUDAR DE ALGUMA MANEIRA?

Sim! Desde logo, se avistares alguma vespa asiática deves contactar ou os serviços de Proteção Civil da tua área de residência ou comunicar o avistamento diretamente num site criado para o efeito, o SOS Vespa. Se tiveres um smartphone podes fazer logo a geolocalização online e anexar fotografias. A APNP está também à procura de jovens voluntários que queiram ajudar a construir as tais armadilhas com garrafões de plástico e está a criar grupos de vigilância das vespas asiáticas, para que as pessoas possam localizar facilmente os ninhos e comunicar às autoridades. Se estiveres interessado em colaborar, a Associação fica na R. Damião de Góis, 93, 1º, no Porto (há uma reunião aberta todas as primeiras quartas-feiras do mês às 15 horas). O telefone é o 22 509 8976.

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