As duas Coreias unidas numa selfie
A propósito desta fotografia, contamos-te por que estão separadas a Coreia do Norte e a Coreia do Sul.
Seria mais uma ‘selfie’, das muitas que os atletas olímpicos tiram por estes dias no Rio de Janeiro, não fosse o simbolismo que ela encerra.
As ginastas que sorriem para a foto, Hong Un-jong (com o telemóvel) e Lee Eun-ju (de fato de treino) são ambas coreanas, mas a primeira é da Coreia do Sul e a segunda da Coreia do Norte, dois países que estão em guerra há várias décadas.
A imagem tornou-se viral e deixou de ser apenas uma imagem, tornou-se num símbolo do espírito olímpico que defende a união e a paz entre os povos (bem patente nos 5 aros olímpicos que representam os cinco continentes).
Na realidade não é apenas a foto (da autoria de Dylan Martinez, da agência Reuters) que está a correr as redes sociais, mas também o comentário do politólogo Ian Bremmer, que a partilhou na sua conta de Twitter dizendo: “É por isto que realizamos os Jogos Olímpicos”.
Mas, afinal, por que estão divididas as duas Coreias? Foi sempre assim?
A história da Península da Coreia, na Ásia Oriental, é tudo menos pacífica. Embora as duas Coreias já tenham sido uma só, o seu território foi sempre disputado pelos países vizinhos. Antes de ser dividida em duas, a Coreia esteve primeiro sob o domínio chinês e, mais tarde (em 1910), sob o domínio japonês.
A separação da Coreia acontece no final da II Guerra Mundial, em 1945. O Japão fazia parte dos Países do Eixo, juntamente com a Alemanha e a Itália, e saíu derrotado pelos Aliados.
O território da Coreia, até então sob domínio japonês, foi dividido entre as duas grandes potências vencedoras do conflito armado: os Estados Unidos e a União Soviética, que se tornaram rivais e deram origem à “Guerra Fria”.
A Península foi dividida ao meio: o norte foi ocupado pela União de Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), o sul pelos Estados Unidos da América (EUA). As duas potências implementaram, cada uma na sua parte do território coreano, os seus modelos políticos (antagónicos), comunismo e capitalismo respetivamente.
Desde então, o ‘Paralelo 38’ passou a ser a linha divisória entre a República da Coreia (a sul) e a República Popular Democrática da Coreia (a norte).
Um processo de reunificação das Coreias foi tentado, mas fracassou e, em 1950, as forças norte-coreanas invadiram a Coreia do Sul, dando início à Guerra da Coreia que se prolongou durante três anos e da qual a divisão da Coreia saiu ainda mais reforçada.
Hoje, a Coreia do Sul (que a ginasta Hong Un-jong representa nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro) é uma democracia rica, aberta ao mundo e às novas tecnologias; a Coreia do Norte (da ginasta Lee Eun-ju) é um país pobre, fechado ao mundo, em que a população tem acesso apenas à informação que é disponibilizada por Kim Jong-Un, o ditador que o povo é forçado a admirar, que atemoriza o mundo com os seus ensaios nucleares.
Poderá uma fotografia ajudar a um processo de paz? Fica a pergunta… Uma coisa é certa: as duas ginastas puseram o mundo a falar das Coreias e o diálogo é o melhor caminho para a resolução dos problemas.