Em Barcelona, começou o processo para transformar o conceito de zoo

O movimento Zoo XXI quer mudar o modelo de jardim zoológico que conhecemos, pondo fim à exibição de animais.

A Catalunha já mostrou ser uma região amiga dos animais. Em 2008, os catalães iniciaram uma campanha que conseguiu levar à proibição das corridas de touros naquela comunidade autónoma espanhola.

Desta vez, o objetivo é revolucionar por completo o conceito de jardim zoológico com que estamos familiarizados, através daquela que é a primeira iniciativa cidadã a ser realizada na Catalunha.

O movimento ‘Zoo XXI’ surgiu já em 2015, como te contámos neste artigo, mas acaba de dar um passo fundamental: começou, no início deste mês, o processo de recolha de 14 mil assinaturas que permitirá levar o projeto à Câmara Municipal de Barcelona.

Os promotores desta ideia – um grupo de cidadãos e duas associações ambientalistas da Catalunha (a Associação Animal ‘Libera!’ e a ‘Fundação Franz Weber) – pensa que o modelo atual de zoo não está adequado ao conhecimento e à ética da atualidade e que precisa de ser totalmente reformulado.

O que temos hoje, dizem, é a “lógica de zoo do século XIX” e é preciso passar a uma “lógica de zoo do século XXI”. Que lógica seria essa?

Eles explicam no site do movimento: o objetivo é passar da lógica de “utilização” dos animais para uma lógica de “utilidade” para os animais e para o Planeta. Esta última implicaria, desde logo, não ter animais em cativeiro para serem observados pelos visitantes.

 

Graças às novas tecnologias, os jardins zoológicos iriam substituindo os animais reais por realidade virtual que mostrasse os animais como realmente são, com os comportamentos que têm quando inseridos nos seus habitats naturais.

Citado pela agência de notícias espanhola, a EFE, o diretor da Fundação Franz Weber dá o exemplo dos elefantes, lembrando que nos zoos eles não percorrem 40 quilómetros diários inseridos numa manada, nem passam 80% do tempo em que estão acordados a comer, como acontece quando estão em liberdade.

No modelo defendido pela Zoo XXI, os jardins zoológicos tornar-se-iam espaços de recuperação para fauna autóctone, voltados para a preservação e recuperação de animais feridos e doentes das regiões onde os zoos estão inseridos.

Ao Zoo do século XXI competiria, ainda, desenvolver e financiar projetos de conservação de habitats naturais de espécies exóticas.

A mudança que preconizam passa também pela educação animal. Para os defensores desta mudança é preciso “falar dos animais como seres com vida emocional, capazes de sentir, sofrer e desfrutar da vida” e não apenas nas espécies, como consideram acontecer nos zoos da atualidade.

O porta-voz do Zoo XXI, disse à agência EFE estar convencido que um mês será suficiente para recolher as assinaturas necessárias e que no início do Verão já se poderá discutir a proposta na Assembleia Municipal, onde o Zoo XXI conta já com o apoio de alguns partidos.

 

Leonardo Anselmi adiantou, ainda, o que aconteceria caso a proposta fosse aprovada. Nesse caso, o Zoo de Barcelona (atualmente com cerca de 4000 animais) seria convertido num “geriátrico” para os animais exóticos que não pudessem ser enviados para reservas e santuários (estimam que sejam 2500).

Uma prioridade seria travar drasticamente a reprodução dos animais que hoje vivem no Zoo, excetuando os casos de espécies em vias de extinção”.

Na Assembleia do movimento Zoo XXI que teve lugar domingo passado em Barcelona (o vídeo está disponível no YouTube), o líder da iniciativa imagina que, caso seja bem-sucedida a proposta em Barcelona, esperará o movimento “uma campanha global enorme para transformar o conceito dos jardins zoológicos no mundo”.

E tu, estás de acordo com o Zoo XXI? Achas que é necessário transformar o conceito atual dos jardins zoológicos? Escreve-nos até ao próximo dia 14 de março para info@jornalissimo.com.

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