Philharmonie de Paris: chamar a música

Projetada a pensar em ouvidos do século XXI, a nova casa da Orquestra Sinfónica parisiense convida a um banho de imersão musical.

Tem a assinatura de Jean Nouvel e o rasgo de criatividade que carateriza as obras do arquiteto francês, premiado em 2008 com o Pritzker (considerado o Nobel da arquitetura).

Inaugurada há precisamente um mês, a Philharmonie de Paris, é a mais recente peça de um puzzle musical. Fica na periferia da cidade, no Parc de la Villette, onde estão o Museu e a Cidade da Música, a dois passos do Conservatório da capital francesa.

UMA ACÚSTICA ESPETACULAR

Tem 52 metros de altura (na Primavera vai ser possível passear na cobertura), mais de 20 mil metros quadrados e, entre muitas outras coisas, uma super sala de concertos, sem igual em toda a França, com capacidade para 2400 pessoas.

O grande auditório é o coração do edifício monumental que brilha no meio do verde do Parque graças às fachadas de alumínio e inox.

Com elementos que parecem suspensos no espaço, o auditório consegue ser ao mesmo tempo gigante e intimista. Reúne o melhor dos dois tipos de salas de concerto clássicas: por um lado, os músicos estão rodeados pelos espetadores e, por outro, os assentos estão divididos por diversos balcões, que permitem diminuir a largura da sala.

O grande protagonista, porém, não se vê. É o som. Tudo, desde o mais pequeno detalhe, foi pensado para proporcionar uma acústica de excelência, independentemente do tipo de música que acolha, e proporcionar aos músicos condições de trabalho excecionais, acompanhando a evolução das práticas musicais.

UM “CENTRO POMPIDOU DA MÚSICA”

Para dar resposta tanto a música sinfónica como a jazz, ou outro qualquer género (inclusivamente os que o futuro reserva), a sala é modular. Há painéis acústicos que se tiram e põem, tal como cortinas.

As restantes sete salas de concertos, embora mais pequenas, são também flexíveis. E há, ainda, dez estúdios para os músicos ensaiarem individualmente ou em grupo, uma biblioteca de partituras, uma loja com livros e CDs que permite viajar pela história da música, sala de exposições (inaugura com uma mostra de David Bowie), restaurante, café, minibares.

A Orquestra de Paris e o Ensemble Intercontemporain têm ali a sua nova casa, mas serão generosos a partilhá-la com os mais variadíssimos grupos e artistas. A programação é eclética. Pretende-se que este seja um espaço capaz de chamar novos públicos para a música, um ponto de encontro entre profissionais e amadores, instrumentistas e espetadores, melómanos e duros de ouvido.

Só o Serviço Educativo tem mais de uma dezena de espaços e uma programação esmerada, que combina a música com outras artes, como o teatro ou a dança.

Pierre Boulez, um reconhecido maestro e compositor francês, diz que a Philharmonie é o “Centre Pompidou da Música”. A comparação com o Centro Nacional de Arte e Cultura de Paris, só pode ser um bom presságio.

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